No feriado de Páscoa, iremos visitar o Parque Nacional da Serra da Canastra, uma Unidade de Conservação de Proteção Integral situada entre as regiões Oeste e Sul do Estado de Minas Gerais. Essa área protege as bacias hidrográficas dos rios São Francisco, Grande e Paranaíba, além de abranger parte do território dos municípios de São Roque de Minas, Capitólio, Vargem Bonita, São João Batista do Glória, Delfinópolis e Sacramento.

O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado pelo Decreto nº 70.355, de 3 de abril de 1972, e destaca-se por proteger as nascentes das bacias dos rios São Francisco, Araguari e Santo Antônio, bem como a população do Pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) e seus locais de forrageamento e nidificação. Compreende uma área de aproximadamente 200.000 hectares. Na época de sua criação, a desapropriação de terras e a não aceitação dos limites dessa Unidade de Conservação (UC) pela comunidade local geraram conflitos. Do total da área decretada, 71.525 hectares estão com a situação fundiária regularizada e são geridos pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), enquanto os outros 130.000 hectares permanecem sob propriedade privada, ainda não regularizados.

Essa UC está inserida no bioma Cerrado, um dos mais ameaçados do país. Dessa forma, o Parque Nacional da Serra da Canastra é considerado um dos mais importantes instrumentos de proteção desse ambiente natural. Nele, é possível observar diversas fitofisionomias do Cerrado: formações savânicas (Cerrado sentido restrito e Cerrado rupestre), formações campestres (campo limpo, campo sujo e campo rupestre) e formações florestais (mata ciliar, mata de galeria, mata seca e cerradão).

As maiores altitudes chegam a aproximadamente 1.500 metros, e em vários locais o relevo apresenta variações abruptas, inclusive nas estradas, que sofrem sérias intempéries e erosões na época das chuvas. Por isso, todos os traslados serão feitos em veículos 4x4.

No primeiro dia (sábado, dia 19/04), conheceremos a parte alta do Parque Nacional da Serra da Canastra. Iniciaremos as atividades no Centro de Visitantes, onde será apresentada toda a riqueza histórica, cultural e natural da região. O local conta com exposição de fotos, rochas e painéis com dados de pesquisas científicas sobre a biodiversidade local.

Em seguida, visitaremos a nascente do Rio São Francisco, um lugar singelo, com uma trilha de rochas que leva à imagem de São Francisco e à nascente, onde o “Velho Chico” inicia sua longa jornada de quase 3.000 quilômetros até o litoral do Nordeste. A população local conta que, em noites de lua cheia, a imagem de São Francisco de Assis (que segura um livro) desce do pedestal para curar animais feridos. Na placa abaixo da imagem, está gravada a oração de São Francisco de Assis, conhecido mundialmente como o padroeiro dos animais e da ecologia.

Após conhecermos a nascente, seguiremos até o Mirante da Cachoeira Casca D’anta para observar os vales ao redor da UC. Teremos a oportunidade de tomar banho na Cachoeira Casca D’anta (parte alta), a maior queda do Rio São Francisco, onde as águas despencam de uma belíssima formação geológica rumo à divisa dos estados de Sergipe e Alagoas.

A última cachoeira do dia será a Cachoeira Rasga Canga, formada pelo córrego do Rolinho. Ela conta com quatro quedas, sendo a maior delas com aproximadamente 15 metros de altura e água verde cristalina. No local, há dois poços para banho e diversas “banheiras”. Em um desses poços, ao final da tarde, a superfície costuma ser mais quente, enquanto, em maior profundidade, a água permanece bem fria.

Para encerrar as atividades do primeiro dia, iremos ao Curral de Pedras, área que restou de um antigo “retiro” (fazenda de uso temporário). No inverno, o gado de leite era levado para as partes altas da Serra. Graças à altitude, o local é ótimo para observar o pôr do sol e até mesmo as pegadas de alguns animais.

No segundo dia (domingo, dia 20/04), partiremos rumo à parte baixa do Parque Nacional da Serra da Canastra, onde visitaremos a parte inferior da Cachoeira Casca D’anta. Com 186 metros de altura, ela é considerada a maior queda do Rio São Francisco, localizada no paredão sul da Serra da Canastra. Nas cheias, seu volume de água pode formar uma coluna de aproximadamente 50 metros de largura. Teremos também a oportunidade de nos banhar nas águas do Rio São Francisco.

Após o almoço, visitaremos o Empório Velho Chico, que oferece os melhores produtos típicos da região, todos feitos com muito carinho e de forma tradicional — aquele sabor mineiro inconfundível. Não há como ir à Serra da Canastra sem conhecer a produção do Queijo Canastra, considerado o mais premiado do Brasil, e que tem grande destaque na gastronomia local.

No terceiro e último dia (segunda-feira, dia 21/04), conheceremos as Cachoeiras do Capão Forro, um complexo de cachoeiras e piscinas naturais excelentes para banho. O nome “Capão Forro” remonta à época dos quilombos, muito comuns na região, e deriva das palavras “alforria” e “capão” (mata), conferindo o sentido de “mata do liberto ou escravo livre”. Nesse conjunto, visitaremos as Cachoeiras do Lobo, Capão Forro e da Mata.