meliponicultura
A Meliponicultura é a criação racional das Abelhas sem Ferrão (ASF). Na Meliponicultura, as colônias são organizadas em Meliponários e é praticada há anos pelos povos originários da América Latina, em especial os nativos do Brasil e México. Recebem o nome de Abelhas sem Ferrão, pois o ferrão foi se atrofiando ao longo da evolução das espécies, o que as tornam incapazes de ferroar. Além da América Latina, as ASF podem ser encontradas em alguns países Asiáticos, ilhas do Pacífico, parte da Austrália, Nova Guiné e na África. Mas o que mais impressiona é que aproximadamente ¾ de todas as espécies são encontradas no Brasil.
O conhecimento sobre as Abelhas sem Ferrão e a Meliponicultura por alguns povos originários da América Latina é muito antigo quando comparado com as atividades envolvendo as abelhas exóticas da espécie Apis mellifera (popularmente conhecidas como européias, italianas ou africanas). Há muito tempo, povos indígenas de diversos territórios latino americanos, se relacionam com os Meliponíneos de muitas formas, seja estudando-os, criando-os de forma rústica ou explorando-os de forma extrativista.
Antes da introdução das abelhas exóticas (não nativas) no continente americano, ou da exploração da cana para fabricação de açúcar, o mel das abelhas nativas caracterizava-se como principal adoçante natural, fonte de energia indispensável em longas caçadas e caminhadas que esses povos nativos realizavam na busca por alimento.
Muito do conhecimento tradicional acumulado pelos povos originários foi gradativamente assimilado, após a invasão dos europeus no continente, tornando a domesticação das Abelhas sem Ferrão uma tradição popular que se difundiu principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil. A herança indígena presente no atual manejo com as abelhas é evidenciada pelos nomes populares de muitas espécies, como Jataí, Mandaçaia, Mandaguari, Mirim-guaçu, Uruçu, Tiúba, Mombuca, Tataíra, Jandaíra, Guaraipo, Manduri e tantas outras.
Toda vez que falamos sobre as abelhas, logo pensamos no mel, mas o principal serviço ecossistêmico desempenhado pelas abelhas é a polinização. Aproximadamente 75% das espécies alimentícias, são polinizadas pelas abelhas. Porém, as abelhas estão sofrendo um declínio populacional cada vez maior, devido a vários fatores. A partir de diversos estudos, podemos afirmar que o desmatamento, as queimadas, a urbanização, o manejo inadequado, as variações climáticas, as monoculturas, destruição do habitat, falta de recursos florais e o uso indiscriminado de agrotóxicos são as principais causas no processo de desaparecimento das abelhas, levando a uma série de consequências, e o principal, será a falta de alimentos para diversos animais, incluindo a espécie humana.