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COMUNIDADES TRADICIONAIS
As Comunidades Tradicionais são guardiãs da sabedoria ancestral e da resiliência humana. Elas são grupos culturalmente diferenciados que se reconhecem como tais, possuindo formas próprias de organização social, ocupando e utilizando seus territórios originais. Mais do que isso, protegem e interagem com o meio ambiente de maneira profundamente sustentável, entendendo essa relação como condição essencial para a manutenção de sua reprodução cultural, social, religiosa e econômica. Seu conhecimento é um tesouro vivo, transmitido por gerações, inovando e praticando em um ciclo contínuo de aprendizado e coexistência.
Ao mergulharmos nas narrativas da construção do nosso país, percebemos que a história muitas vezes foi contada pelos opressores. A versão do descobrimento em 1500 distorce a realidade, pois o território que hoje chamamos de Brasil, foi invadido e não descoberto pelos portugueses. Essa distorção é um reflexo de uma invisibilidade histórica que muitas Comunidades Tradicionais vivenciam até hoje.


Invisíveis aos olhos da maioria e, por vezes, negligenciadas pelo Poder Público, essas comunidades criaram modos de vida próprios, enraizados em territórios que foram transformando e construindo ao longo do tempo. Suas trajetórias, contudo, são marcadas por histórias de violência, ameaças e conflitos, diante da expansão desmedida da fronteira agropecuária, da especulação imobiliária e de projetos que nem sempre dialogam com o bem-estar coletivo. Elas são uma pequena amostra das milhares de comunidades espalhadas pelo Brasil, e suas lutas são um testemunho vibrante de sua determinação em preservar quem são.
Em um movimento inspirador de união, as Comunidades Tradicionais formam articulações para compartilhar desafios, unir forças e estabelecer estratégias coletivas de resistência. Elas aprendem e se fortalecem com as experiências de outras, especialmente dos povos indígenas e quilombolas, na incessante busca pelo reconhecimento e demarcação de seus territórios de origem. É notável que, em grande parte, os territórios ocupados por essas comunidades são alguns dos locais mais preservados do Brasil, demonstrando sua intrínseca relação com a natureza.


Essa ação coletiva reflete a Permacultura em seu sentido mais amplo, onde a ética do cuidado com a Terra e com as pessoas se manifesta na prática de sistemas regenerativos e na gestão compartilhada dos recursos.
É comum associar a palavra "tradicional" a algo estático, do passado. No entanto, ao percorrer a trajetória das Comunidades Tradicionais, percebemos que a tradição é uma parte viva da nossa história que segue em constante construção e renovação. É um processo dinâmico de adaptação, aprendizado e transmissão de saberes que se perpetuam e evoluem, sem perder suas raízes profundas.



Desde o nosso início, compreendemos que o Turismo de Base Comunitária (TBC) é uma ferramenta potente de fortalecimento. Por meio da organização e do protagonismo dessas comunidades, conseguimos inserir nossas atividades com um propósito muito claro: fortalecer a luta pelo reconhecimento e demarcação de seus territórios de origem. Essa parceria proporciona autonomia, valoriza seus costumes e tradições, assegura a manutenção dos saberes ancestrais e promove o protagonismo no desenvolvimento de um turismo ordenado, justo, ético e sustentável.
Este modelo não apenas gera renda justa para os moradores, mas também valoriza as riquezas naturais, culturais e históricas de cada Comunidade Tradicional visitada. É um convite ao Estudo do Meio mais autêntico, onde a vivência transforma o aprendizado em um modo de estar no mundo, conectando os visitantes à terra, às pessoas e às histórias que moldam nossa identidade.

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